Pés no chão e cabeça nas nuvens!

A riqueza da árvore está nos frutos dela, nas folhas que soam como música quando o vento sopra, nos pássaros que fazem dela sua morada e na sombra que refresca. Nada disso seria possível sem sua longevidade e sem a estabilidade de uma raiz bem fixada.

Aprendi, desde menino, a fincar os pés no chão, enraizar no que é sólido, firme e seguro. Esta talvez tenha sido a lição das árvores na nossa cultura e recebo com bons olhos isto, pois creio que sem uma boa base as coisas se tornam bem mais difíceis. Naturalmente que neste processo meus olhos foram aprendendo a olhar e focar para este chão, olhos fixados nos pés, olhos no chão bem como os pés. A vida, entretanto, em todo nosso processo de crescimento e desenvolvimento, vai dando sinais dos mais sutis aos mais impactantes, então vamos percebendo que o chão não está sozinho. A fotossíntese que a árvore precisa para aflorar e frutificar só é possível se ela se dispuser à luz do sol. Há um mundo à volta, um contexto, um conjunto de fatores e a raiz, presa ao solo fértil, é apenas um deles. Tudo o que a árvore representa para a natureza advém de uma base sólida aliada à delicadeza das folhas dispostas à luz do sol e ao ar.

Portanto, o que há de melhor em nós há de ser aflorado se conseguirmos manter os pés no chão e cabeça nas alturas, bem como a árvore, com raízes no chão, só vive e frutifica se permitir que suas folhas toquem as nuvens, com o topo nas alturas como este pé de Jequitibá.