Huguinho, Zézinho e Luizinho


O trio calafrio resolveu se reunir para colocar as novidades em dia e armar a convenção anual em que se celebra o aniversário de um quarto amigo de longas datas.
Huguinho recebeu a tarefa de avisar Zezinho e Luizinho que a convenção será realizada no final deste mês, e é claro que o aviso caiu como uma luva como pretexto para uma gelada, já que os três não se viam a um bom tempo, então estava hora.
Zezinho foi o primeiro a chegar, já pediu uma gelada deliciosamente saboreada dentro do bar. Ao calor que fazia, era natural que estaria mais fresco dentro do estabelecimento, no ar condicionado, porém estava abafado e as mesas de fora estavam ocupadas com pessoas ostentando suas super motos, o que fez com que tivesse que ficar lá dentro mesmo. Huguinho, depois de uns quinze minutos chegou após Zezinho ter ligado para o primeiro, então os dois ficaram a papear esperando a chegada de Luizinho que, como de tradição, não se preocupou tanto quanto Zezinho e Huguinho no que diz respeito à pontualidade.
Enquanto Luizinho não chegava, Huguinho e Zezinho falavam sobre as famílias, trabalho, estudos, sempre acompanhados das geladas. Até que Luizinho chegou e logo providenciou mais geladas para acompanhar as risadas vindas das besteiras faladas. Passados uns minutos, as super motos com seus donos foram embora, daí os três amigos resolveram ir pra fora observar o movimento e de quebra ficar mais a vontade pra papear.
Os três patos conversando, com a mesa cheia de long necks vazias. Veja só, um prato cheio pro lobo que espiava de fora as pintas de patos espertos. O lobo, de sorriso branco e cativante se aproximou de Huguinho, Zezinho e Luizinho oferecendo-lhes seu artesanato numa lábia inacreditavelmente eficaz. Vendo que ninguém tinha interesse em comprar o artesanato, o lobo resolveu vender a idéia de uma aposta.
Vinte reais dos três patos-patetas apostados num jogo que consistia em escolher um espaço onde colocar uma caneta num cinto enrolado pelo lobo de maneira que, ao puxar, o cinto poderia ficar preso à caneta, caso o cinto ficasse solto, o lobo ganhava, caso contrário, os patos ganhavam os vinte reais mais um totem feito artesanalmente (belo material). Parece que lobos fazem artesanato por esporte e ganham dinheiro à custa de patos.
Em duas ou três rodadas de “teste”, Luizinho ganhou, recebendo méritos do lobo que dizia “Você conhece esse jogo, você é malandro”. Huguinho e Zezinho, motivados com a possibilidade de ganhar a aposta com o apoio da perspicácia de Luizinho e sentindo total confiança na insegurança demonstrada pelo lobo de maneira brilhante, escolheram arriscar. Durante longos vinte minutos o lobo, numa interpretação digna de Oscar, mostrava sua habilidade em mexer com o psicológico dos patos chegando a pedir para fazer outra rodada porque aquela, escolhida com certeza por Huguinho, os patos perderiam. É óbvio que os patos acreditaram que o lobo estava encurralado, pois três patos “espertos”, inteligentes não falhariam perto de um mero lobo sujo que chegou até a avisar que os patos perderiam. Pros patos-patetas, jogo ganho! Apostado...
Com o teor desse texto, deu pra perceber o que aconteceu, certo? Vinte reais dos três patos-patetas no bolso do lobo.
É óbvio que nenhum dos três deu muita corda no primeiro momento para aquele lobo ripe sujo e mal cheiroso, mas o poder de persuasão daquele antes visto como um pobre lobo coitado, virou o jogo contra os três patos-patetas que ali sentiram um misto de ódio e, por incrível que pareça, admiração.
Os patos aprenderam e ensinaram. Aprenderam que lobos são perigosos e ensinaram para todos como se consegue ser enganado.
Dos três, Zezinho foi o pato que ficou mais chateado. Chateado não com o lobo, mas por se sentir responsável por aquela situação, por constatar que na verdade muito sabe quem acha que nada sabe (entendeu?). Ter perdido o jogo o levou a refletir sobre se arriscar, e isso pesou muito pois sua criação foi à base de pé no chão e muita cautela, e nessa história, tentando inovar, fazer diferente, deu no que deu. Zezinho não queria os vinte reais de volta, o orgulho falou muito mais alto, o que o consumia foi sair com a moral baixa. Sorte que Huguinho e Luizinho estavam tranqüilos e até fascinados com o show de talentos do lobo e com as charadas ensinadas por ele depois de ter ficado com os vinte.
Mas fica uma pergunta: Caso tivesse acontecido o contrário, Zezinho estaria arrependido ou feliz em ter levado vantagem sobre o lobo? Olha, antes de tentar responder essa pergunta, é melhor pensar bem antes de jogar com lobos.

Um comentário:

Cavaleiro dos Dragões disse...

Bobeou o lobo comeu rsrs
Agora tirando a brincadeira de lado, tudo se aprende e vc é um cara que sabe aprender.
Levanta sacode a poeira e da a volta por cima!
abraços